Da cenografia à pintura: as obras do mestre António Casimiro em exposição dupla

Homenagear uma figura ímpar na criação de cenografia para Teatro e Cinema é um dos objetivos da exposição, com dois núcleos, patentes até 18 de março, no Espaço Artes - Politécnico de Lisboa e no foyer da Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC). A inauguração, a 8 de fevereiro, juntou alunos, docentes e amigos que quiseram associar-se à celebração da vida e obra de António Casimiro.

“A importância das pessoas que marcaram de forma extraordinária a história da Escola Superior de Teatro e Cinema, resulta do facto desta, não perder a sua identidade sem estas pessoas. Gostamos sempre de as ouvir de as ter cá e fazem parte desta casa, então como hoje”, disse David Antunes, presidente da instituição, referindo-se a António Casimiro.

O mestre da Cena

É a primeira vez que António Casimiro está a expor em 2 núcleos, ressaltou Maria da Conceição Roberto, curadora destas e das exposições do cenógrafo desde 2015. Na inauguração, na ESTC, de uma vertente da exposição mais didática, mais pedagógica, dedicada à cenografia, com o título "O Designer da Cena", a curadora referiu a importância de mostrar aos alunos o percurso cenográfico do artista. “Mostrar os estudos, os esboços, os esquiços como se chega ao cenário, como a cabeça de um grande cenógrafo português estuda o traço até chegar ao cenário de um espetáculo”.

Já Rui Mendes, ator, encenador e também ele outrora professor da escola artística do Politécnico de Lisboa, recordou a “discrição e a eficácia quase silenciosa” de António Casimiro. “O António lê os textos, conversa com o encenador e começam a surgir ideias”, disse, “quase que não se dá por ele, mas ele está lá sempre”, reforçou o ator.

António Casimiro é considerado por Paulo Morais-Alexandre, pró-presidente do IPL para as Artes, como um dos professores que passou pela ESTC, com uma carreira mais relevante, tendo trabalhado com grandes nomes do Teatro, Cinema, Dança e Televisão. “Formou gerações de cenógrafos”, deixou claro o coordenador do Espaço Artes – Politécnico de Lisboa.

O percurso de António Casimiro passou também pela História da Arte, “por viajar, ver coisas cá dentro e lá fora. Aprendam com ele e percebam como se constrói um percurso que ainda não acabou”, disse Paulo Morais-Alexandre.

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Pintura de António Casimiro: Das Janelas às Ceno Grafias

A manhã foi passada na Escola Superior de Teatro e Cinema e a tarde, reservada para o Politécnico de Lisboa, onde foi inaugurado o segundo núcleo das obras de António Casimiro, a quem, Elmano Margato, presidente da instituição, fez questão de agradecer a disponibilidade para expor no Espaço Artes - Politécnico de Lisboa, local “pensado para ser de abertura à sociedade”.

O núcleo de exposição, patente nos Serviços da Presidência do IPL, em Benfica, mostram o lado do artista dedicado à Pintura, que estudou. A exposição começa com uma série de janelas, criadas em 2019, com uma visão preto, branco e cinza sob o mote "Janelas abertas para...”. Conceição Roberto falou desta fase, em que para António Casimiro, “as janelas tinham um horizonte um pouco sombrio, mas que por outro lado deixavam a cada um de nós, a liberdade total de conseguirmos olhar para cada uma das janelas e ir buscar nelas o nosso interior”.

Já em 2021, “o António presenteia-nos com a mudança do monocromático para o universo de cor. Quis chamar a esta nova exposição, “VIII Ceno Grafias", para ir buscar a associação entre a pintura e a cenografia”. Para a curadora, o artista quis mostrar nesta entrada de cor, a esperança. “Se cada um de nós olhar para as telas e fizer uma introspeção sentimo-nos transportados para um outro universo, daquilo que cada um de nós tem que buscar em si próprio e nos outros”.

Todos os que intervieram na inauguração de cada um dos núcleos de exposição, referiram humildade, amizade e partilha como palavras que caracterizam António Casimiro, que “faz com cada um de nós e que faz dele um ser humano se excelência”, disse Conceição Roberto.

Dando corpo ao que dele dizem, António Casimiro partilhou com os muitos convidados presentes quer na Escola Superior de Teatro e Cinema, quer no Politécnico de Lisboa, que os alunos ensinam muita coisa aos professores, “aprendi muito com eles, há uma troca”. “O cenógrafo é um criativo, mas há sempre um maestro. No espetáculo temos que ter uma relativa humildade em relação ao encenador. Não se sintam diminuídos quando forem profissionais. Têm que marcar a vossa presença. Tenham sempre a noção de perspetiva”, foram os conselhos deixados pelo mestre.

Os trabalhos de um dos mais reconhecidos cenógrafos portugueses estão em exposição no Espaço Artes – Politécnico de Lisboa e na Escola Superior de Teatro e Cinema, até 18 de março, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 19h, com entrada gratuita.

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