A cerimónia de comemoração dos 264 anos do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL) decorreu a 19 de maio, com um programa que deu voz às pessoas que fazem parte da comunidade iscalina e onde, para além de ser relembrado o percurso histórico do ISCAL, se olhou para os desafios atuais no campo da investigação e para o futuro, no qual a tecnologia e a Inteligência Artificial têm lugar de destaque.
No início da cerimónia, o presidente do ISCAL, Pedro Pinheiro, relembrou 4 docentes, que considera terem sido fundamentais na construção da Escola do Politécnico de Lisboa, ao longo de várias décadas: Gabriel Alves, Ana Maria Adriano, Carlos Bernardo e Rui de Carvalho.
Coube ao presidente do Politécnico de Lisboa, Elmano Margato, a primeira intervenção, na qual realçou a “simbiose formativa” conseguida pelo ISCAL, através da formação formal, ministrada por um corpo docente qualificado, e a formação informal, na qual se inserem as iniciativas culturais e desportivas promovidas pelo movimento associativo, nomeadamente, a Associação de Estudantes do ISCAL.
Elmano Margato falou da importância da investigação e desenvolvimento para a produção de novo conhecimento, frisando o papel do Politécnico de Lisboa na promoção de estratégias de incentivo, tais como o IDI&CA - Concurso de Investigação, Desenvolvimento, Inovação e Criação Artística. Perante o desafio da outorga de doutoramentos por parte dos institutos politécnicos, o presidente do IPL, lançou o repto ao Conselho Técnico-Científico do ISCAL, para dar continuidade ao trabalho de avaliação de parceiros abrindo portas a um doutoramento em associação.
No final da intervenção, Elmano Margato, fez o ponto de situação quanto ao projeto de construção do novo edifício do ISCAL, dizendo estar a aguardar a nova resolução da Presidência do Conselho de Ministros, para incremento do valor da obra.
Voz aos órgãos de governo
Rui Almeida, presidente do Conselho de Representantes do ISCAL, falou da evolução e adaptação da instituição, ao longo do tempo, bem como o desafio da qualificação do corpo docente. Reconhecendo que a atribuição do grau de doutor coloca o desafio da investigação, dificultada pela falta de espaços para os docentes desenvolverem este trabalho está convicto de que “o ISCAL saberá adaptar-se aos novos tempos”.
Para Jorge Rodrigues, presidente do Conselho Técnico-Científico, o ensino superior atravessa um momento de viragem e de desafios com o reforço do papel do ensino politécnico. “Este também será um desafio superado”, sublinhou, referindo que tem havido um reforço da qualificação do corpo docente, refletido nos 52% de docentes doutorados, no final de 2022.
Carla Martinho, presidente do Conselho Pedagógico, frisou as responsabilidades do ISCAL no campo das competências em educação digital, de forma a fazer frente ao avanço no campo da inovação pedagógica, nomeadamente através do uso de novas metodologias e recurso à Inteligência Artificial, cujo potencial pode transformar a maneira como os alunos aprendem e a maneira como os professores ensinam.
Voz aos estudantes e diplomados
Para André Sousa, da Associação de Estudantes do ISCAL, passados 264 anos, o ISCAL continua com a mesma missão e o mesmo fim para que foi criado – “formar excelentes profissionais, produzindo, ensinando e divulgando conhecimento através da tradição, mérito e excelência”. Olhando para o futuro, o estudante considera haver muito a fazer - “há um ISCAL para construir”, referindo-se ao projeto de construção do novo edifício.
André lembrou que do ISCAL já saíram CEO, bastonários, ministros e um Presidente da República, realçando o papel da Associação de Estudantes na formação extracurricular.
“Dos 3559 estudantes que estudam, atualmente no ISCAL, vão sair diplomados aptos que vão cumprir papéis importantes como outros ao longo da história”.
A liderança no feminino e o papel do ISCAL enquanto Instituição de Ensino Superior foi o mote do painel constituído por Sara Lopes, Inês Oliveira Amaral, Solange Tavares, moderado por Joana Frias Costa, docente da Escola Superior de Comunicação Social. Com percursos profissionais diferentes, as jovens realçaram a importância da componente prática da formação do ISCAL para o sucesso profissional.
Sara Lopes é licenciada em Finanças Empresariais e mestre em Controlo de Gestão e dos Negócios pelo ISCAL. Optou por criar o seu próprio negócio - a Simplifique, uma empresa que presta serviços na área de Contabilidade e Consultoria.
Inês Oliveira Amaral, é licenciada em Auditoria pelo ISCAL e o seu percurso profissional passa pela área Fiscal. Atualmente é Tax manager na EY - Tax Global Compliance Reporting.
Solange Tavares, licenciada em Contabilidade e mestre em Controlo de Gestão e dos Negócios pelo ISCAL, exerce funções como Financial Controller na Axians Portugal.
Questionadas sobre as características de uma boa liderança, foram unânimes ao colocar o destaque na componente humana. Sensibilidade e empatia foram apontadas como essenciais para o sucesso de uma líder, associadas à partilha com a equipa e à liderança através do exemplo.
O desafio da Inteligência Artificial
Gianluca Pereyra da Visor.AI foi o orador convidado da cerimónia de comemoração dos 264 anos do ISCAL. O fundador da empresa, que aplica a Inteligência Artificial (IA) na automatização do serviço de apoio ao cliente de grandes empresas, partilhou a experiência no setor bancário e segurador e destacou a utilidade da IA no ensino. “As IES vão ter de se adaptar aos métodos de ensino inovadores”. Para o empresário, as organizações que usam a IA devem continuar a apostar na formação das pessoas, tirando partido da sua criatividade e relação interpessoal. Para o Gianluca, o futuro passa pelo desenvolvimento do pensamento crítico, usando a tecnologia com um complemento.
“O meu maior orgulho no ISCAL são as pessoas”
Foi uma das frases de Pedro Pinheiro, presidente do ISCAL, que usou a intervenção final para transmitir mensagens relacionadas com o passado, o presente e o futuro. “Temos de dar voz aos exemplos” disse, realçando os testemunhos das três diplomadas convidadas, que ilustram o reconhecimento do mercado de trabalho quanto à formação do ISCAL.
Pedro Pinheiro quer ser lembrado enquanto aluno que foi, professor e atual dirigente, como tendo feito parte dos que acreditaram no sucesso e na história do ISCAL. Sobre as “condições indignas” das atuais instalações, preferiu não usar um discurso pessimista, porque “por detrás das limitações há sempre oportunidades”.
Para o presidente, o “ISCAL deixou de ser uma Escola para toda a gente e passou a ser uma Escola para quem pode entrar”, o que traduz a partilha de um objetivo comum – transformar a instituição numa das melhores do país.
Texto de CSS/GCI IPL
Imagens e vídeo de DS/GCI IPL