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estudar em pandemia

As diversas medidas de contenção da propagação do vírus SARS-CoV-2, implementadas pelo governo português desde março de 2020, no seguimento da declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde, conduziram a uma adaptação das metodologias de ensino-aprendizagem e à adoção de métodos de avaliação distintos pelas instituições de ensino superior.

Considerando este contexto particular, o Politécnico de Lisboa (IPL) realizou um estudo exploratório. com o objetivo de aferir a existência de eventuais diferenças no desempenho académico nos anos letivos em pandemia relativamente aos anteriores, e analisar variáveis que possam mediar o impacto das adaptações das metodologias de ensino-aprendizagem no desempenho académico.

Foi analisada uma amostra de 5.772 estudantes inscritos, em 4 ou mais unidades curriculares, matriculados no IPL, em 2018/2019, que tenham continuado o percurso académico nos dois anos letivos seguintes. Foram consideradas, na análise, três grandes áreas de conhecimento: Ciências Sociais, Artes e Tecnologias.

Os resultados preliminares do estudo exploratório desenvolvido pelo Grupo de Trabalho de Trajetórias Académicas e Empregabilidade do Politécnico de Lisboa, apontam para a existência de um crescimento na classificação média por estudante (0,8 valores), com maior incidência na área das Tecnologias, em que o acréscimo é de 1,1 valores.

Área2018/192019/21Variação
Ciências Sociais12,312,90,6
Tecnologias11,712,91,1
Artes14,815,40,6

Variação na classificação média das unidades curriculares por área de conhecimento

 

Mais uma vez com maior incidência na área das Tecnologias, conclui-se que 57% dos alunos subiu a média neste período pandémico, pese embora os aumentos nas áreas das Ciências Sociais (48%) e das Artes (45%) sejam também significativos.

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gráfico

 % de variação na classificação média das unidades curriculares por área de conhecimento

 

O estudo aponta, ainda, para o facto de esta variação positiva ser mais acentuada nos estudantes inscritos nos regimes de diurno no que nos de pós-laboral.

 

Período2018/192019/21Variação
Diurno12,413,41,0
Pós-laboral11,411,70,3

Variação na classificação média das unidades curriculares por regime diurno e pós-laboral 

 

Nas restantes variáveis dependentes em análise, nomeadamente: sexo, idade, benefício de bolsa de estudo e se está deslocado da residência, não se verificam diferenças significativas a registar.

O estudo “Resultados académicos em tempos de pandemia” aponta para uma capacidade de adaptação rápida ao contexto de pandemia no Politécnico de Lisboa, não se verificando impactos negativos em termos da classificação média dos seus estudantes.

A apresentação dos resultados preliminares deste estudo deixa em aberto novas hipóteses de investigação que vão ser abordadas nos próximos meses, nomeadamente, a compreensão dos fatores que podem ter impacto na melhoria dos resultados dos estudantes verificada, como sejam os métodos de avaliação a distância, a metodologia de lecionação ou a gestão do tempo de estudo.

Ficha Técnica

O estudo “Resultados académicos em tempos de pandemia” foi realizado entre setembro e outubro de 2021.

Os dados foram recolhidos das bases de dados académicas das oito escolas do Politécnico de Lisboa, tendo sido eliminados o nome e número dos estudantes de modo a garantir o anonimato.

A amostra incluiu 5.772 estudantes (2.657 de Ciências Sociais, 537 de Artes e 2.578 de Tecnologias)

O estudo foi realizado pelo Grupo de Trabalho Trajetórias Académicas e Empregabilidade do Politécnico de Lisboa (GTTAE):

  • António Belo, Serviços da Presidência do Politécnico de Lisboa;
  • Carla Martinho Martins, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL);
  • Catarina Tomás, Escola Superior de Educação de Lisboa (ESELx);
  • Cristina Borges, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL);
  • David Tavares, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL);
  • Maria João Escudeiro, Serviços da Presidência do Politécnico de Lisboa;
  • Rute Agostinho, Serviços da Presidência do Politécnico de Lisboa;
  • Sandra Miranda, Escola Superior de Comunicação Social (ESCS);
  • Vítor Almeida, Serviços da Presidência do Politécnico de Lisboa.