A exposição itinerante “Arquimedes da Silva Santos: onde vai minha voz?…” está patente, desde, 09 de março, na Biblioteca da NOVA School of Science and Technology (FCT NOVA), onde pode ser visitada até 08 de abril. Esta iniciativa insere-se nas comemorações do centenário desta figura ímpar da cultura, defensor do ensino e formação artística, ligado ao ensino das artes e ao ensino Politécnico de Lisboa.
A inauguração da exposição decorreu na Sala designada como Preguiçódromo, “um espaço mais expositivo onde se vão fazendo coisas diferentes. Quando há exposições preguiça-se, conversa-se com os amigos e pode-se ler. É um espaço de descontração”, referiu José Moura, diretor da Biblioteca da FCT.
Para o também professor investigador do departamento de Química da FCT NOVA, poder receber a exposição e reunir responsáveis pela iniciativa e alunos é sinal de que “a pouco a pouco vamos voltar à quase normalidade e é bom”. José Moura falou da ligação entre a sua instituição e a Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), com mais uma iniciativa, como sendo a continuação de uma colaboração “que prezamos muito e que tentamos levar a cabo quando possível”.
Referindo-se a Arquimedes, o diretor da Biblioteca vê nesta exposição, uma forma de “aprender, um pouco, desta personalidade da vida cultural e artística, que trouxe muitas contribuições à cultura que é o maior bem que nós temos”. Sobre a cultura fez questão de frisar que, sem esta, “um povo não progride e a cultura é pouco levada a sério. Sem as Artes a vida é cinzenta.”
Pegando no carácter multifacetado de Arquimedes da Silva Santos, e fazendo a ligação com o momento musical interpretado por estudantes do 1.º ano da licenciatura em Teatro da ESTC, David Antunes, presidente da Escola artística do Politécnico de Lisboa, considera interessante, para os atores da instituição que lidera, aprenderem, tanto a ser atores numa Escola de Teatro como na Faculdade de Ciências e Tecnologia e vice-versa. “Para os cientistas que aqui se formam se calhar o motivo de inspiração científica é justamente um acesso que têm ao pensamento artístico”.
O facto da exposição “Arquimedes da Silva Santos: «onde vai minha voz?…" estar patente na FCT NOVA, onde antes já esteve uma outra, promovida pela ESTC, leva David Antunes a referir-se a ao que chama de “contaminação dos espaços e dos modos de pensar”, como algo que deve “orientar-nos para a ideia de que às vezes é produtivo procurarmos as soluções para os nossos problemas não imediatamente no sítio onde estamos a habitá-los, mas quem sabe num sítio mais distante ou contraintuitivo ou mesmo disparatado”.
No seguimento das palavras do presidente da ESTC, Paulo Morais-Alexandre, pró-presidente do IPL para as Artes e coordenador do Espaço Artes – Politécnico de Lisboa, onde decorreu a primeira exposição de homenagem a Arquimedes da Silva Santos, “é importante sair fora da caixa, ver como os outros fazem”. Aos alunos presentes da inauguração deixou um conselho: “façam a diferença como Arquimedes fez, como o José Moura, porque se não fosse ele, esta exposição não estaria aqui. As pessoas fazem a diferença. Sigam estes exemplos e façam a diferença”.
Para o final ficou a intervenção de Miguel Falcão, a par de Isabel Aleixo, autor do livro “Arquimedes da Silva Santos: Um Homem (Fora) do seu tempo", lançado em 2021, que contém a investigação que sustenta a exposição. O professor de Teatro da Escola Superior de Educação de Lisboa (ESELx), destacou o poema Epitáfio, que consta de um dos painéis da exposição como “as palavras últimas que podem fazer homenagem a quem parte, aponta para um futuro, uma esperança, um legado”. Para Miguel Falcão o livro e a exposição significam a continuidade do legado de uma figura muito homenageada em vida, o que nem sempre acontece. Alguém com “um percurso cheio, muito rico e muito inspirador”.
A exposição “Arquimedes da Silva Santos: «onde vai minha voz?…" revisita, através de um conjunto de painéis temáticos, aspetos significativos da vida e da obra de Arquimedes da Silva Santos (1921, Póvoa de Santa Iria – 2019, Lisboa), poeta, médico e psicopedagogo, considerado pioneiro do Neorrealismo português e precursor da Educação pela Arte em Portugal.
A exposição foi concebida e preparada para ser itinerante em diferentes instituições e contextos do país de algum modo ligados ao percurso do homenageado. Na Biblioteca da FCT NOVA, no Monte da Caparica, pode ser visitada até 09 de abril.
Flickr photos from the Inauguração da exposição itinerante "Arquimedes da Silva Santos: onde vai minha voz" na FCT NOVA album.
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Texto de CSS/GCI IPL
Imagens de DS/GCI IPL