Análise do fotojornalismo em livro

“A Fotografia Documental na Imprensa Portuguesa – o real e o verosímil", da autoria da docente Fátima Lopes Cardoso, é a obra mais recente da Coleção Caminhos do Conhecimento do Politécnico de Lisboa, dada a conhecer no dia 24 de novembro, nos Serviços da Presidência.

O livro foi apresentado por Jacinto Godinho, jornalista da RTP, investigador e docente do Departamento de Ciências da Comunicação, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa e por Bruno Portela, fotojornalista e fundador da Associação Cultural CC 11, entidade de divulgação do fotojornalismo e da fotografia documental portuguesa.

Jacinto Godinho e Bruno Portela apresentadores do livro

Adaptado da tese de doutoramento da docente da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), com orientação de Jacinto Godinho, a obra, resultado de entrevistas a 90 profissionais da fotografia, procura, não só saber como os fotógrafos veem o próprio ato fotográfico, como também descobrir a ontologia da fotografia documental e fotojornalística no contexto da imprensa portuguesa. A obra revela, ainda, se a confiança que o público deposita na imagem jornalística lhe é merecida.

“A investigação só faz sentido quando é partilhada”, disse António Belo, vice-presidente do Politécnico de Lisboa, explicando ser esta a visão do IPL. O vice-presidente convidou os docentes a publicarem os seus trabalhos nesta coleção editorial.

Bruno Portela refere que a obra “A Fotografia Documental na Imprensa Portuguesa – o real e o verosímil" demonstra que os repórteres fotográficos portugueses estão conscientes da importância documental das imagens. Para o jornalista é de extrema importância saber ler as imagens “numa época em que as imagens estão presentes em tudo”, e o livro de Fátima Lopes Cardoso assume uma “relevância extrema para essa aprendizagem”, referiu o fotojornalista.

lançamento do livro de Fátima Lopes Cardoso

Jacinto Godinho começou a apresentação do livro fazendo referência à escolha da fotografia da capa que, na sua opinião, representa tudo o que consta no livro, “Trata-se de uma fotografia artística, tirada em plena pandemia, que, como todas as fotografias, conta uma história”, disse o jornalista da RTP.

O livro fornece as bases para começar a interpretar a realidade da imprensa e do fotojornalismo e do jornalismo em si, “uma realidade desafiante que nos faz caminhar para a precarização do jornalismo, consequência do aparecimento do digital, mas também porque as pessoas acham que qualquer um pode escrever”, referiu Jacinto Godinho, que não tem dúvidas de que o livro “se tornará rapidamente uma referência de reflexão não só sobre a fotografia documental e fotojornalista, mas sobre toda a fotografia, e a forma como somos tocados pela fotografia.”

Com o seu estudo, a autora pretendeu entender, do ponto de vista científico, o que mais preocupa os fotojornalistas. Enquanto jornalista, Fátima Lopes Cardoso sentiu haver alguma incompreensão sobre o valor da fotografia. A autora espera que o livro contribua para que se entenda que “a fotografia, o texto e o design funcionam em simbiose, para melhor servir o leitor e elevar a qualidade do jornalismo português”, disse.

A autora agradeceu, particularmente, ao fotojornalista David Clifford, já falecido, a quem dedica as 428 páginas do livro, “uma pessoa que acreditava imenso no fotojornalismo português”, sublinhou a autora. A obra é também dedicada à colega Anabela Sousa Lopes, da ESCS, recentemente falecida, reconhecendo que “muito do bom jornalismo praticado em Portugal deve-se às duas décadas de ensinamentos que a professora transmitiu aos colegas”, e também aos professores Mário Mesquita e Paquete Oliveira e aos pais da autora, também já falecidos.

“A Fotografia Documental na Imprensa Portuguesa – o real e o verosímil", organizado em 5 capítulos, está disponível online no Repositório Científico do Politécnico de Lisboa.

autora do livro Fotojornalismo, Fátima Lopes Cardoso

Sobre a autora

Jornalista em vários títulos da imprensa nacional desde 1997, investigadora do ICNova (Instituto de Comunicação da Nova). Professora adjunta na Escola Superior de Comunicação Social assumiu, recentemente, a coordenação da licenciatura em jornalismo da ESCS. Doutorada em Ciências da Comunicação, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação, pelo ISCTE, e licenciada em Jornalismo, pela Escola Superior de Comunicação Social (ESCS).

Desde 2006, leciona unidades curriculares na área de Jornalismo escrito e das linguagens visuais. É autora do livro “Jornalistas-Escritores: A Necessidade da Palavra” e da coleção de 12 livros “Os Anos de Ouro do Cinema Português”.

Sobre a Coleção Caminhos de Conhecimento

A Coleção Caminhos do Conhecimento do Politécnico de Lisboa surgiu em 2005, com o objetivo de publicar teses de doutoramento, mestrado e ensaios, produzidas por autores e docentes da instituição, de reconhecido valor no âmbito das seis áreas de conhecimento do Politécnico de Lisboa: artes, ciências empresariais, comunicação, educação, engenharia e saúde.

Saiba mais sobre a as obras da Coleção Caminhos do Conhecimento

Flickr photos from the Lançamento do livro "A Fotografia Documental na Imprensa Portuguesa – o real e o verosímil" album.