Valorização do Ensino Superior Politécnico em debate na ESCS

A valorização do Ensino Superior Politécnico deu o mote à conferência realizada a 8 de fevereiro, uma iniciativa da Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), à qual o Politécnico de Lisboa se associou, que juntou no palco do Auditório Vítor Macieira, da Escola Superior de Comunicação Social, estudantes, deputados dos Grupos Parlamentares e o proponente da Iniciativa Cidadãos, que reuniu mais de 20 000 assinaturas. Debater a proposta que defende a outorga de doutoramentos pelos Institutos Politécnicos e a mudança de designação destas instituições foi o que esteve em cima da mesa. Prevê-se um resultado favorável no próximo dia 17 de fevereiro, data em que vai decorrer a votação final em sessão plenária na Assembleia da República.

Francisco Sena Santos, jornalista e professor de Rádio da ESCS foi o moderador do painel constituído por: João Pedro Pereira, presidente da FNEESP, Catarina Ruivo, presidente da FAL, Pedro Lourtie, presidente do Conselho Geral da Instituto Politécnico de Leiria e os deputados Inês Barroso (PSD), Bruno Aragão e António Lacerda Sales (PS) e Gabriel Mithá Ribeiro (Chega), a quem lançou várias questões sobre o Ensino Superior Politécnico.

Elmano Margato, presidente do Politécnico de Lisboa

Antes do debate, o presidente do Politécnico de Lisboa, Elmano Margato, fez uma intervenção, na qual destacou o papel dos estudantes no debate. Para o presidente do IPL “não é possível ao IPL crescer mais”, e acrescentou que “não é a atribuição do grau de Doutor, por si, que vai resolver, mas vai permitir estar um degrau acima no relacionamento com a sociedade”.

Pedro Lourtie esteve na origem da Iniciativa de Cidadãos que reuniu mais de 20 000 assinaturas em torno da Valorização do Ensino Superior Politécnico. O antigo secretário de Estado do Ensino Superior explicou como surgiu a iniciativa e falou da evolução do ensino superior para contextualizar a atual realidade. Para o presidente do Conselho Geral do Politécnico de Leiria, em causa estão três questões: manter o sistema binário, manter as exigências para outorga de doutoramentos e mudar a designação dos Institutos Politécnicos para ter um “Ensino Superior que dê resposta às necessidades do país”.

Pedro Lourtie defende que o objetivo da iniciativa legislativa não é alterar o sistema binário para unitário, mas retirar as limitações para que os Politécnicos possam ter doutoramentos e mudar a designação para Universidades Politécnicas, como forma de facilitar e permitir uma mais fácil internacionalização e reconhecimento. Desmistificou as questões orçamentais, muitas vezes chamadas a debate e afirmou não estarem em causa alterações na carreira docente.

Catarina Ruivo e João Pereira — Catarina Ruivo (FAL) e João Pedro Pereira (FNAEESP)

A visão dos estudantes

Catarina Ruivo, lidera a Federação Académica de Lisboa, que representa mais de 74 mil estudantes na área metropolitana de Lisboa entre os quais, os estudantes do Politécnico de Lisboa. A FAL apoia a iniciativa e a sua aprovação vai permitir mais produção de saber e criação de conhecimento nos Politécnicos, bem como a oportunidade aos estudantes, de continuar a sua formação académica nas instituições.

João Pedro Pereira, presidente da Federação Nacional das Associações de Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), afirmou que os estudantes do ensino Politécnico fazem uma escolha consciente e sabem qual é a missão das suas instituições, nomeadamente na valorização do mercado de trabalho e das empresas das regiões onde estão integradas.

Deputados dos Grupos Parlamentares — Inês Barroso, Sena Santos, Bruno Aragão e Gabriel Mithá Ribeiro

A visão dos deputados

Bruno Aragão confirmou a existência de vozes divergentes no Grupo Parlamentar do PS, nomeadamente a sua. Justifica o facto com a designação da iniciativa se restringir ao Ensino Superior Politécnico, porque considera que a reflexão deve ser no todo. Para o deputado, pode evitar-se o discurso do sistema binário, mas é sempre esta a questão em cima da mesa. Assume que no Parlamento a votação positiva da atribuição do grau de doutor nos Politécnicos vai ser pacífica. Na sua opinião, os Politécnicos dizem com esta iniciativa que conseguem crescer mais e como fazem o conseguir.

Inês Barroso, deputada do Grupo Parlamentar do PSD também é favorável à iniciativa. Sendo deputada eleita por Santarém acompanha de perto o trabalho feito pelo Instituto Politécnico de Santarém no território. “Os Politécnicos precisam de alavancar aquilo que já fazem”. Na sua opinião está em causa fazer justiça quanto ao papel dos Politécnicos no nosso país, sendo uma oportunidade de valorização da produção de conhecimento.

Gabriel Mithá Ribeiro, do Grupo Parlamentar do Chega, acredita que se vive uma crise profunda no Ensino Superior, e que esta é uma oportunidade de mudança, por isso o seu partido apoia a iniciativa e vai votar favoravelmente. Na sua perspetiva, os Politécnicos introduziram uma alteração profunda no conhecimento, mais empírica, mais prática. O deputado do Chega apontou o dedo ao MCTES, que na sua opinião devia ter um papel mais relevante, de definir com clareza para onde deve caminhar. Referiu o exemplo de Mariano Gago, que enquanto ministro impôs metas e definiu rumos. “As instituições percebiam para onde o Estado queria ir. Atualmente temos entidades que têm perspetivas diferentes”, comentou o Gabriel Ribeiro.

António Lacerda Sales, do Grupo Parlamentar do PS, foi um dos convidados do painel, sendo conhecida a sua posição favorável à adoção da designação Universidades Politécnicas, proposta pela Iniciativa Cidadãos para os Institutos Politécnicos. Considera que esta alteração, bem como a outorga de doutoramentos vai permitir ganhar competitividade em relação ao mundo empresarial.

Ana Bettencourt, presidente do Conselho Geral do Politécnico de Lisboa, realçou, no final do debate, as muitas desigualdades e desafios para o futuro do Ensino Superior. Para além do que diz serem programas espartilhados, destacou a necessidade de investir na transdisciplinaridade e no trabalho conjunto, como forma de “ensinar os cidadãos a saber lidar com a informação. Há muito trabalho da fazer de investigação sobre as práticas pedagógicas nas Escolas”, concluiu a presidente.

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